sexta-feira, janeiro 12, 2007


Novamente as notícias que ecoam nas colunas no meu carro me despertaram para a vida e para eu comentar aqui. Desta vez o acontecimento que me catapultou para mais um dia passou nos nossos antípodas europeus que por sinal é um país que eu aprecio sobremaneira e que julgo estar mais próximo de nós enquanto povo do que os próprios espanhóis. Durante a manhã de hoje a embaixada dos eua na grécia foi atingida por um tiro de bazuca. Quem reivindicou este atentado foi um grupo terrorista de extrema esquerda que opera na grécia e que dá pelo nome de "luta revolucionária". Um tiro de bazuca. Fantástico! Original e directo, sem grandes sofisticações e com uma precisão na mensagem que querem transmitir absolutamente extraordinária. Esta animosidade dos gregos contra os eua já vem de longe. Parece que é costume na grécia, durante as comemorações do dia do trabalhador, fazerem manifestações em frente à embaixada americana e de seguida invistirem contra ela. Parece que é uma espécie de tradição. No intímo achei muita graça a este ataque terrorista, mas se racionalizarmos parece-me muito grave. Primeiro porque estamos num país civilizado, de primeiro mundo e integrado numa comunidade europeia com interesses comuns a defender de uma forma horizontal entre todos os seus membros. Depois porque em sociedades ricas ou mais ou menos ricas, com uma economia estável ou mais ou menos estável, estes actos não são actos de sobrevivência. São actos que implicam uma outra dimensão que poderá estar relacionada, por exemplo, com a falta de ideais de uma sociedade ou pela estagnação revelada ao longo dos últimos anos. Sendo assim estes actos passam a ser considerados como acções de estilo, de recorte quase estético que correm o risco de pegar e de serem imitados. O mesmo se passou em frança há cerca de uma ano com milhares de carros incendiados por grupos de jovens em várias cidades francesas. Supostamente começou-se por uma luta de ideais para uma minoria, mas depois passou a ser um estilo de vida e uma espécie de desporto radical. Os gregos são suficientemente loucos para entrarem numa onda pareceida com esta e então se estão envolvidos os estados unidos, pior ainda. Vamos ver o que se irá passar.
Já fui 2 vezes à grécia, dois anos consecutivos, e é um país absolutamente incontronável. Visitei várias ilhas, mas andei principalmente pelo continente. Os gregos são muito parecidos conosco apesar de não nos entendermos linguisticamente. Têm o mesmo ritmo, os mesmos códigos e o mesmo aspecto. Até agora foi o país em qual me senti melhor e com uma riqueza cultural e natural espantosa. Considero-os um pouco mais espertos do que nós. Vivem numa anarquia parecida com a nossa, mas são mais espontâneos. Têm a merda toda que nós temos, mas conseguem ser um pouco mais sofisticados. São um povo interessantíssimo e com uma identididade cultural muito forte, oriunda principalmente do facto de terem uma língua e um alfabeto muito especial. Pepe Carvalho passa pela grécia no seu último romance e menciona uma série de iguarias e referências gastronómicas muito representativas deste país e com as quais eu me deleito ao lembrar-me das minhas férias na grécia.

Como pensamento positivo para hoje deixo a grécia como não poderia deixar de ser.

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