quarta-feira, janeiro 31, 2007


"O seu futuro começa hoje" - Esta é frase publicitária que estamos a utilizar para promover uma revista dedicada exclusivamente ao novo Windows Vista. Discorrer sobre o futuro no momento de vida em que estou neste preciso momento é absolutamente e absurdamente diferente do que, por exemplo, há dois anos atrás. O que é o meu futuro agora? Passa por uma carreira fulgurante? Por uma resignação involuntária? Passa por inúmeras coisas que antes não ligava patavina, mas que agora assaltam-me cada vez que penso nisto. Passa seguramente por proporcionar aos meus filhos a melhor vida possível. E esta vida tem a ver com a felicidade deles no seu quotidiano e no dinheiro que tenho para potenciar esse quotidiano. O que levanta questões relacionadas com a vida profissional que obrigam a outra ética e outra moral. O que é um bom emprego? É um emprego que se ganha bem ou que se faz algo de útil para a sociedade e para mim mesmo? É a conjugação das duas coisas, mas com a balança a pender para o dinheiro, ao contrário do que seria há 2 anos atrás. O mapa das preocupações ganham uma nova geografia em função de terceiros, em função de questões verdadeiramente altruístas e das quais não me consigo libertar. Por outro lado, enveredar por este caminho mais duro, mais frio, torna-me uma pessoa diferente da que estou habituado a encarar todos os dias ao espelho. Passo a encarnar seguramente outros valores, outras prioridades que obrigam a pensar as minhas acções de uma outra perspectiva, necessariamente mais calculista e nem por isso melhores ou piores, apenas diferentes. Dar este passo não tem sido fácil em termos teóricos. Em termos práticos a transformação tem ocorrido de uma forma quase involuntária, como se da minha sobrevivência se tratasse. Penso que estes períodos são férteis em termos de ideias, de estratégias para a minha vida, mas obrigam a passos seguros e a tomada de decisões sempre em função de dois universos, acrescentando um quoficiente de cansaço ao meu cérebro, ao meu corpo.

O futuro começa hoje? É bem possível. futuro não é mais do que uma abstracção que resumo os nossos anseios, as nossas inseguranças, os nossos medos, os nossos desejos. O futuro é uma espécie de almofada sem a qual não conseguimos dormir e portanto sobreviver e que resume de uma forma simpática uma espécie de cartografia de todas as características que assistem à nossa condição humana. Estou confiante no meu futuro? Claro que estou! Nem que seja pelos 2 encantadores seres humanos que todos os dias me exibem um sorriso sempre que eu chego a casa e que me faz esquecer, por momentos, de todas estas questões que me roem e descarnam os tecidos da minha alma, da minha consciência.

Ontem acabei o módulo de marketing relacional e fidelização na etic. Caberá agora aos alunos concluirem os seus trabalhos de grupo e apresentá-los no próximo dia 9 de fevereiro. Será esta apresentação que irá condicionar e definir a nota final de cada um. Gostei bastante de dar este módulo. Calhou-me uma boa turma e a matéria é bastante mais agradável do que as anteriores que dei na epci. Fui desleixado na preparação das aulas. Deveria ter arranjado mais tempo para me preparar, mas apesar de tudo ainda fiz alguma pesquisa e deu para fazer uma apresentação muito interessante de cerca de 100 páginas. Gostei de estudar e foi bastante útil para mim. Revi alguns assuntos e aprofundei outros construindo assim novas bases para poder pensar o marketing relacional e a minha profissão. Estes desafios são interessantes por isso e por poder praticar a nossa oratória. Na verdade o papel de um professor é central na nossa sociedade. Tem um poder imenso e deve ser explorado e tratado de uma forma muito especial. Tem além disso o poder da auto-estima. Foi uma experiência muito interessante que pretendo repetir aqui na etic. Tenho uma proposta para dar uns workshops na epci mas vou recusar. Os alunos são maus e a escola está extremamente mal organizada.
Ontem os meus filhos comeram a sua primeira refeição de sólidos integral. Na verdade comeram a nossa refeição, peixe com arroz. Naturalmente adoraram, pois continha sal e sentiam-se bem a imitar-nos e a fazer exactamente a mesma coisa. É muito importante estimularmos este gosto pela comida nos nossos filhos. Eles têm de sentir-se bem a comer e confortáveis, como se as refeições fossem um momento de prazer, não apenas gustativo, mas de todos os sentidos. Isto custa-nos a nossa própria refeição, pis a atenção dispendida é enorme. Não interessa. O segredo é arranjar uma rotina, uma rotina que previligie a brincadeira à mesa. Ao princípio custa, pois estamos cansados, estoirados mesmo, mas com o tempo vai lá.
Ontem foi dia de pediatra. Não consegui ir, mas a Paula foi lá com eles. Está tudo óptimo exceputando o peso do afonso. Muito abaixo para a sua idade, na verdade abaixo inclusivé do percentil 5. Estamos um pouco preocupados. Na consulta dos 15 meses vamos avaliar a evolução do peso e determinar futuras medidas a tomar relativamente ao peso do afonso.
Nas nossas sessões nocturanas de tv/computador na cama a ver séries americanas, deu-se um caso que não gostaria de deixar passar, pois foi absolutamente inédito para mim. Estávamos a visionar o Dr. House e num episódio debruçaram-se sobre os malefícios do tabaco e pela primeira vez na vida senti um impulso de deixar de fumar imediatamente. Quase como um imperativo. Foi um sinal. Deverá estar para breve deixar de fumar (com bastante pena pois poucas coisas igualam o sabor e o prazer de um cigarro).
Como pensamento positivo para hoje deixo novamente o manuel vasquez montalbán e o seu personagem pepe carvalho. Não me vou alongar mais sobre esta personagem a roçar a perfeição. Já o disse anteriormente. Faço nova menção pois já comecei a ler a segunda parte da derradeira obra do montalbán dedicada às viagens do pepe carvalho. Finalmente consegui comprar o milenio 2: nos antípodas e espero grandes feitos deste livro. É uma espécie de vício que se instalou em mim e que não irei abdicar por nada.
Viva o pepe carvalho!

segunda-feira, janeiro 29, 2007


Está um frio de rachar... Ontem, domingo, esteve ainda pior. Foi tudo documentado na tv, com avisos sucessivos de alertas laranjas e amarelos e de todas as cores por forma a manter toda a gente bem informada e sobretudo agasalhada. E de tal forma isto resulta que as pessoas ficam muito descansadas e para combater o frio não saem de casa. É verdade, parece que ninguém gosta de um friozinho e de sentir as várias caras da natureza. No sábado pude comprovar exactamente isto que estou a dizer. Estava frio, é verdade, mas não estava assim tanto frio que justificasse o concorrido jardim da estrela estar completamente vazio. Fomos andar nos baloiços com os putos e com o francis a mafalda e os filhos e o parque das crianças estava totalmente vazio. Ninguém para andar nos baloiços e nas outras geringonças que por lá haviam. Foi uma sensação estranha e engraçada ao mesmo tempo. Não sei se isto é um sinal de civilidade ou de outra coisa qualquer. De facto é bom termos estes avisos e preparar-mos tudo de antemão para não haver falhas e correr tudo bem, mas vendo bem também me parece uma coisa algo estúpida. Perder uma série de coisas boas só porque não queremos arriscar... arriscar? arriscar em quê? Passamos a arriscar a partir do momento em que nos previnem. É este medo que eu tenho medo que se instale nas nossas vidas. O medo de pisar o risco, de arriscar. Assusta-me as sociedades extremamente organizadas em que tudo funciona da mesma forma e quando alguém faz de forma diferente imediatamente temos o vizinho do lado a denunciar-nos. E faz isto de consciência tranquila, pois usa o argumento que está a por em causa a segurança dos que estão à volta dele. Muitas vezes isto acontece, mas deve haver um limiar para isto. Eu tenho de ter a possibilidade de não querer fazer as coisas de determinada forma, tenho que ter a liberdade de complicar a minha vida e de não ser denunciado ou julgado por isso. Cada vez mais e sobretudo após o 11 de Setembro, a nossa sociedade tem vindo a cerrar-se em si própria, permitindo soluções absurdas em prol de um siposto bem comum. Todas as acções são justificáveis desde que garantam segurança. É um bom princípio, mas todos nós já deveríamos estar num estado avançado de civismo para colocar alguns travões nesta forma de pensar e de agir. Falo de uma posição confortável, pois nunca senti o terrorismo perto de mim, nem ele me afectou directamente. Caso contrário pensaria, se calhar, de forma diferente, mas o terrorismo não deverá servir como escudo ou como justificação para todas as barbaridades que nos estão a infligir enquanto cidadãos. Partindo desta forma de pensar vai-se educando uma geração que estará apta a aceitar tudo e a praticar um civismo que em nada honra as conquistas que se foram fazendo no passado pelo direito da cidadania. As novas gerações estarão habituadas a violações da liberdade, privações de várias naturezas e assentes numa cultura de denúncia e muito individualista. E quando chegarem ao poder querem ter a certeza que a sua vida até então não foi em vão e vão praticar, fomentar e desenvolver tudo a que foram sujeitos durante as suas vidas. Traçar uma linha entre violação e segurança é difícil, mas devia estar muito mais presente na mente de todos. Os governos e os governantes fazem uso do medo para precisamente fazer com que a violação ganhe e ao usarem o medo como arma estão a atingir bem lá no coração todas as famílias e pessoas que apenas querem sobreviver. Vamos ver no que isto dá.
Este fim de semana experimentamos a máquina bimby do francis. Combinados um almoço em casa dele e foi bastante agradável. Na verdade a paula tinha lançado o desafio de fazermos um almoço todos juntos para comemorar o futuro nascimento da violeta, terceiro filho da mafalda e do francis. Este nascimento está cravado de dúvidas e agústias principalmente para eles e para todos os que o rodeiam. Não foi (mais uma vez) uma gravidez desejada pela mafalda e pelo francis. Foi anunciada muito tarde pelo que apanhou toda a gente de surpresa e que indicia algum incómodo. Decidimos marcar este almoço para desafiar e acabar com este clima horrível e sufocante, mas pouca gente respondeu e inclusivé a mafalda e o francis não podiam porque não tinham dinheiro... mas tinham lá em casa uma bimby! Fomos comprar os ingredientes e comemoramos nós os 4. Foi muito agradável.
Durante o almoço a carolina perdeu o medo de andar. Agarrou-se a uma espécie de carrinho com um andarilho e foi um ver se te avias a correr e a rir-se às gargalhadas pela casa toda. Foi um momento muito engraçado.
Como pensamento psoitivo para hoje deixo o john difool, uma personagem que o moebius criou para sustentar a BD do incal. Gosto da personagem que é uma espécie de anti-herói, cobarde e oportunista mas que tudo gira à volta dele e ele é sempre a chave para resolver os problemas, memsmo fugindo deles e não querendo nada com a realidade. Esta bd passa-se no futuro e tem um deslumbre gráfico muito próprio do moebius. Esta bd marcou-me, pois foi a rampa de lançamento para desenvolver o meu gosto à volta da 9ª arte. Foi uma espécie de debute para apreciar a bd de adultos. Sempre li muita bd, mas existe um momento em que o deslumbre gráfico fica determinado e afectado pelo argumento que lentamente se vai sobrepondo ao traço. Esta bd alia as duas coisas de uma forma exemplar e deverá permanecer como uma etapa inultrapássável da história da bd europeia e mundial. Ainda hoje me lembro de referências transmitidas por esta obra. E a sensação de redescobrir qualquer coisa é deslumbrante. É uma espécie de porta que se abre para um infindável número de novas sensações que poderão provir deste arriscado passo. É uma espécie de graal terreno que nós passamos a perseguir em todas as coisas da vida e que à medida que o tempo avança se torna mais difícil encontrar graais que nos façam lembrar do valor da vida e da condição humana.

sexta-feira, janeiro 26, 2007


Estou à beira de mais um fim de semana e o livro do Montalbán ainda não saiu. Tenho visitado diariamente as livrarias à procura dele e nem pó. Será um vício semelhante ao do tabaco e que se consegue isolar numa determinada zona do cérebro? Fiquei de facto muito impressionado com a notícia que já comentei no post anterior. A cartografia do cérebro é um asssunto muito importante e deveras fascinante. Tudo é comandado a partir do cérebro e segundo dizem nós só aproveitamos cerca de 5 a 10% das suas potencialidades. Será que com a evolução da sociedade e das novas tecnologias nós desenvolvemos a nossa massa encefálica e assim vamos aproveitando cada vez mais as potencialidades desta? Ou apenas adaptamos aquilo que já está desenvolvido e incorporamos novas rotinas? Se se der o caso da primiera hipótese então significa que a nossa evolução está limitada, pois havemos de chegar ao fim das potencialidades do nosso cérebro e se for a segunda hipótese então nada nos parará, mas ficaremos sempre nestes 10% de potencialidade deste peso aqui em cima. Na verdade muito pouco conhecemos sobre este orgão que nos dá a personalidade e a capacidade de existirmos enquanto seres pensantes. É um assunto que me fascina e todos os avanços que se têm vindo a fazer nesta área são sempre fascinantes e não conseguem ocultar um lado de espíritismo, ou mais cientificamente, de emoções, impossíveis de quantificar... para já. E tanto mais é fascinante porque é o cérebro que nos confere a nossa individualidade e para mapear esta área do nosso corpo precisamos de regras e características comuns a todos nós, o que gera uma espécie de paradoxo, mas que tem vindo a ser desconstruído ao longo dos últimos anos.
O que irá acontecer quando o cérebro for totalmente cartografado? Assistiremos a uma fusão entre a magia e o espiritismo com a ciência, ou pelo contrário, um dos lados engolirá o outro? Provavelmente a ciência assambarcará tudo, e tudo será explicado, incluindo auras, mentes e afins. Mas como irá sobreviver o que hoje chamamos de oculto? Será que se vai transferir para as máquinas e passará a haver uma espécie de misticismo web? Situações impossíves de se resolverem lógicamente e cuja única explicação reside em hipóteses apenas prováveis ou mesmo improváveis. E será este misticismo real, presente de facto no complexo mundo das máquinas e da vida virtual, ou será apenas criado por nós, ansiosos por voltar a um tempo onde nada era explicado e muito dependia da nossa imaginação?
Hão-de haver sempre soluções para a nossa imaginação, para localizarmos o nosso medo. Tudo se resume a isso... Isolarmos o medo para conseguirmos criar barreiras e limites para vivermos uma vida mais descansada. Sem medo vamos todos ao fundo e deixa de haver ética para conosco próprios e para com os nossos. Não que o medo seja uma coisa boa, mas é definitivamente necessária e muitos anos mais há frente tenho a certeza que quando conseguirmos chegar ao fim do planisfério do cérebro outras questões surgirão com tal potência que iremos ter a sensação qe afinal ainda estamos mais incultos e com muito caminho para percorrer e com muito espaço para colocarmos os nossos medos e assim desenvolver mecanismos verdadeiramente interessantes apoiados na nossa imaginação.

Como é que nós medimos o tempo? O que é muito tempo e pouco tempo? Como é que o tempo se apresenta perante o nosso quotidiano e como é que nós o conseguimos gerir? Certamente terá a ver com cada situação que se nos depara pela frente. Por exemplo: O tempo que dispendo a tratar dos meus filhos parece-me sempre curto quando visto de uma macroperspectiva, mas, por outro lado, cada acção que empreendo junto dos meus filhos, cada acção isolada, parece-me sempre uma enormidade de tempo. Mudar as fraldas e vesti-los a seguir ao jantar. Esta é uma acção que leva cerca de 30 minutos, mas que para mim me parece infindável enquanto estou a empreender essa acção. Pô-los a dormir é a mesma coisa. São cerca de 20 minutos que me parecem uma eternidade, mas após estas acções estarem feitas e quando finalmente tenho um pouco de tempo para mim, quando penso no tempo que dispendi com os meus filhos ao longo do dia (nos dias de semana será correcto falar ao longo da noite), este tempo dispendido parece-me sempre curto. O tempo que gasto a seguir aos meus filhos estarem deitados, o tempo gasto e investido em mim e na paula é de facto muito tempo quando comparado com as acções anteriores, mas parece-me sempre muito pouco tempo. Enfim, o tempo é sempre relativo e quantificável apenas por um factor: os segundos, minutos e horas. Tudo o resto é absoluta divagação e oportunismo.

Hoje a notícia que me chamou a atenção no rádio foi uma descoberta científica. Vários cientistas nos EUA, com inclusão de uma portuguesa na equipa, descobriram uma zona do cérebro que regula e condiciona o vício do tabaco. Esta descoberta foi feita após um acidente cardio-vascular de um sujeito que fumava cerca de 2 maços de tabaco por dia. Após este acidente, que lhe afectou uma determinada zona do cérebro, o sujeito ficou sem vontade de fumar e inclusivé sem qualquer referência ao vício que o tabaco lhe proporcionava. A equipa de cientistas que descobriram este acontecimento apressaram-se a dizer que ainda vai levar muitos anos até descobrirem um medicamento ou uma forma eficaz de se condicionar e acabar com os vícios. A minha primeira reacção foi de satisfação. Finalmente poderei acabar com o meu vício do tabaco de uma forma pouco penosa. Mas imediatamente a seguir foi de preocupação. Partindo deste princípio todos os vícios e desvios e mesmo comportamentos poderão passar a ser controlados. Vai passar a haver uma desresponsabilização total por parte de cada um de nós, partindo do pressuposto que existe sempre uma forma de contornar e remediar a questão sem qualquer esforço. Basta que "eles" me dêm uma pílula e a coisa volta ao lugar, ou seja, poderei fazer todos os disparates que a seguir existe um antídoto para remediar tudo. Passa a não existir uma noção de causa/consequência. Passa a não haver uma noção de responsabilização pelos nossos actos... Passamos a ser umas marionetes tontinhas, facilmente controláveis e dependentes de alguém que teve 2 dedos de testa para perceber e de facto ser responsável pelos seus interesses. Vamos ver como é que isto evolui. Naturalmente se eu estivesse a morrer por causa o tabaco ou das drogas o meu discurso seria absolutamente diferente.

Como pensamento positivo para hoje deixo a série de TV Dr. House. Mais um produto de televisão que me entusiasma e que dita a nova linguagem de tv que apenas está dependente dela e não aparece como um subproduto subjugado ao cinema. Produção imaculada, originalidade no argumento, construção de personagens verdadeiramente fantástica, com destaque para a personagem do Dr. House. Sinto que estamos a atravessar uma fase de ouro da televisão. As séries, principalmente as séries americanas, são verdadeiramente impressionantes e nada devem ao cinema ou a outro meio. São um formato que de facto se dá bem no meio televisão e com um requinte de produção ao nível das grandes produções de hollywood. O seu formato, estendido ao longo de vários episódios que contam pequenas histórias integradas numa grande história, é absolutamente adequado ao meio tv e pensado para prender as pessoas a este meio frio. Na quietude das suas casas, com todo o conforto circundante e com uma grande produção assente em bases inteligentes, mas sem nunca perder o rumo da comercialização, estas séries estão a revolucionar, lentamente e silenciosamente o meio tv e a criar novas bases para a standarização futura da televisão. Mas não só. Eu vejo estas séries no meu computador, após um download da net. Na verdade a tv foi ultrapassada pelo meu portátil e vejo estas séries no conforto das meus lençois e rodeado de almofadas. Estamos numa fase importante e transaccional dos nossos hábitos de consumo de séries de ficção. Bem hajam estas grande produções. Venham mais...

quinta-feira, janeiro 25, 2007


Que decisões tomar quando somos empurrados contra uma parede? Que tom adoptar quando nos colocam perante uma situação dúbia e que envolve alguns milhares de contos? É neste estado que me encontro hoje e que me confrontaram ontem à noite. A situação é de facto muito dúbia e as evidências que me apresentaram não são tão evidentes assim, tal como as evidências ao meu dispôr também não são tão evidentes assim. O mais preocupante são os valores envolvidos nesta situação dúbia. Há muito dinheiro envolvido e em última análise eu serei o cavalo a abater. Não é uma situação fácil, com risco de uma amizade cair e de me aceitarem uma possível demissão. Vamos esperar que tudo corra pelo melhor. Desta vez até estou relativamente confortável, no entanto isto até pode evoluir para uma situação política. Resta saber que passos irei dar e que estes passos sejam benéficos para mim. É assim que me revejo nos dias que correm. Não gosto muito de me rever assim, mas não consigo ultrapassar esta nova fase de egoísmo e oportunismo relacionado com o meu emprego.
Tenho que mudar esta minha atitude. Tenho que encontrar um ritmo que me permita anular futuras situações como esta e de facto trabalhar em equipa. Estou a atingir um ponto de não retorno e já está a durar há bastante tempo. Tenho que estudar um novo posicionamento, uma nova maneira de estar... e a sua aplicação tem de ser para muito breve.
Hoje o prato do dia das notícias relacionavam-se com o escândalo de corrupção que rebentou na Câmara Municipal de Lisboa a propósito das vendas dos terrenos do parque mayer para a construção do casino. A história anda à volta de uma empresa chamada braga parques que tentou subornar vereadores da camara para que estes terrenos fossem de facto vendidos. Parece que conseguiu subornar 2 do PSD, mas quando tentou subornar o tipo do bloco de esquerda, este denunciou o sucedido. Esta história chamou-me a atenção porque um dos vereadores do PSD envolvidos trabalhou comigo há muitos anos num projecto relacionado com universidades. Já não me lembro de detalhes, mas da sujeita lembro-me perfeitamente quando ela estava a trilhar os seus primeiros passos na política relacionada com a JSD. Na altura achei-a bastante simpática e fazia-me confusão ela ser do psd. Anos depois, mais de 10 anos depois, lá está ela como vereadora da camara e a ser acusada de corrupção.
É engraçado situações como esta. Pessoas que conhecemos estarem a vir a praça pública. São histórias que poderemos contar mais tarde.
O afonso está muito próximo de andar. Já se coloca em pé muito facilmente e já dá uns passos trôpegos em direcção a uma pessoa. É engraçadíssimo. A carolina está mais dedicada a trabalhos intelectuais. Os livros fascinam-lhe e além de estar muito concentrada nas suas ilustrações, dá-nos os livros para as mãos para lhe lermos e comentarmos com ela os seus conteúdos.
Como pensamento positivo para hoje, deixo a culinária. Descobri que afinal consigo cozinhar, ser criativo e divertir-me. Gosto muito de cozinhar para a paula e foi ela quem me despertou para esta nova condição. Na verdade antes nem sequer sabia fazer arroz ou massas. Hoje já tenho um domínio razoável sobre a cozinha e consigo fazer muitas mais coisas. Ainda não estou refinado, é certo, mas adquiri um certo domínio que me permite estabelecer os meus tempos e as minhas misturas de ingredientes. Os meus elementos fetiches na cozinha e que distinguem os meus cozinhados são a mostarda, as alcaparras, a pimenta e a canela.

quarta-feira, janeiro 24, 2007


O dia solarengo de hoje contrasta com o frio que se instalou. É o tipo de clima que me agrada. Dias cheios de sol com muito frio à mistura. Começar um post, ou uma conversa ou qualquer assunto com a descrição do tempo não é um bom sinal. É aquele assunto que recorremos para fazer conversa, para matar uma situação incómoda de silêncio. De qualquer forma é sempre útil e por muito ridícula que possa parecer, resulta sempre. É uma espécie de analgésico para situações desconfortáveis.
Tenho andado um pouco alheado das coisas que se têm passado à minha volta. Tenho centrado a minha atenção principalmente na minha vida familiar e profissional. Os tempos de incerteza estão a passar relativamente a esta última e tudo indica que as coisas irão ficar tal como estão. Tive uma proposta para fazer uma empresa, mas vou decliná-la pois acredito que ainda não descobri o meu verdadeiro papel como profissional, ou para ser mais preciso, a minha verdadeira área de especialização. Definitivamente terá a ver com o marketing e com a comunicação, mas seguramente terá de evoluir para um campo mais interessante. Parajá esta situação interessa-me. Consigo imprimir um ritmo à minha vida que me permite dedicar tempo a outras coisas que não apenas o emprego... e o salário é bom. Não é demais mas serve para segurar as astronómicas contas mensais que tenho relacionadas com os putos, os empréstimos e os pequenos luxos aos quais nos devemos dedicar sob pena de nos tornar-mos extremamente infelizes se não formos de vez em quando por esse caminho.
A paula está com bastante trabalho agora. Tem um programa para a sílvia, tem feito publicidade com a P35 e agora uma outra produtora quer contrata-la para vestir uma estrela de tv para um programa diário. Bom augúrio e acima de tudo óptimo para consguirmos fazer frente às despesas que não conseguem abrandar.
Não abrandam principalmente por causa da nova casa. Já contratámos um novo empreteiro para terminar a merda que foi feita anteriormente e a coisa está a andar mais depressa. O carpinteiro continua a falhar, mas tudo indica que, lentamente, muito lentamente, irá cumprir o seu trabalho. Esta fase é tramada, pois existem contas para pagar. Porcausa dos erros sucessivamente cometidos pelo anterior emprenteiro há fornecedores que não irão receber dinheiro, pelo menos para já. É uma situação extremamente tensa e cuja gestão se torna esgotante, mas que terá de ser assim.
Os meus filhos continuam em velocidade galopante de evolução. O afonso praticamente já anda. Já dá uns passos sozinhos e está muitas vezes em pé em equilíbrio. A carolina não tem esta destreza física, mas quando lhe seguramos nas mãos para fazer uma caminhada, anda perfeitamente e com os pés bem assentes no chão. A sua curiosidade pelos livros é muito interessante e entrenecedora. Estão no bom caminho. Mas esta evolução é acompanhada pelos níveis de atenção. Eles exigem cada vez mais de nós, de forma que quando chego a casa, a atenção é totalmente investida neles até ao momento de irem para a cama. Depois vem o nosso sossego, já totalmente desgastados, mas felizes devo dizer. Optamos normalmente por ir para a cama ver umas séries de tv no computador que tenho puxado da web. Tem sido este o nosso ritmo.
Mas os nossos fim de semana têm sido bastante agitados. O último foi reservado a uma superfesta a propósito dos 40 anos do antónio e dos 5 anos da vida é bela. Reservou o hotel de luxo que existe no castelo para celebrar esta efemérides e foi bastante divertido.
Como pensamento positivo para hoje deixo o penúltimo disco do morrisey - you are the quarry. Deve ter sido o último cd que comprei, pois tinha acabado de descobrir o e-mule e todas as beneces desde programa. Recuperei-o à pouco tempo, depois de um empréstimo de cerca de 2 anos à margarida e ando a ouvi-lo e acho absolutamente fenomenal. Voltou à sua forma antiga com os smiths e produziu um disco na linha do último dos smiths que por sinal é o meu favorito. Faz-me lembrar uma outra época em que havia música de facto independente e que só se consguiam comprar discos desta corrente em poucas discotecas em lisboa. O disco é equilibrado, adulto, mas nunca fugindo da fórmula pop. Canções curtas, extremamente melódicas e agradáveis e com o cunho indesmentível deste artista. As letras são por vezes ingénuas e mesmo irritantes, na linha das letras que os smiths faziam à cerca de 15 ou 20 anos atrás. Mas algumas são bastante boas. É um grande disco. Ontem comprei, finalemente os bilhetes para os nine inch nails, o que significa que no dia 11 de fevereiro lá estarei juntamente com a paula, a tt e o yannis para prestar tributo a esta grande banda.

quarta-feira, janeiro 17, 2007


Estou chocado com as notícias que têm vindo a lume provenientes dos vários cantos do globo. A começar a publicação de uma estatística da ONU no qual disse que em 2006 houve cerca de 32.000 mortos civis e 34.000 feridos civis no Iraque resultantes de acções de guerra e guerrilha... 32.000 MORTOS CIVIS! Isso equivale a cerca de 2667 mortos por mês, 89 mortos por dia e quase 4 mortos por hora no iraque... civis... è uma panorama triste e que acho francamente que não corresponde à verdade. Deve haver muitos mais mortos. Os sinais são evidentes. Em primeiro lugar esta é uma estatística emanada da ONU, cujo principal padrinho é precisamente o país responsável pela maior parte desta desgraça. Logo a seguir, a contabilização dos feridos que é muito aproximada da dos mortos e todos sabemos que de acordo com as estatísticas realizadas em todos os cenários de guerra, a cada morto corresponde normalmente entre 3 a 4 feridos no mínimo. Finalmente o próprio Iraque não tem possibilidade de calcular os números desta tragédia. Se os hospitais que estão a cargo do governo deste país e as morgues e os cemitérios não têm capacidade para comunicar entre si, como é que a ONU tem? Parece-me que esta tragédia é muito maior do que aparente e na verdade a guerra foi só uma cereja em cima do bolo... Uma espécie de aperitivo. Agora é que as coisas estão realmente a doer. E estão a doer tanto que o próprio Bush no mesmo dia que veio a público admitir os seus erros na estratégia de pacificação do Iraque, anunciou que vai enviar mais 21.000 homens para o terreno... O que é que se passa com esta merda toda? Está tudo louco? Parece-me que estes 21.000 são para se preparar uma possível invasão ao irão ou mesmo para amedrontar os iranianos. Vamos ver...
Mas não é tudo. addam Hussein foi condenado à morte por enforcamento. A opinião pública previa o seu enforcamento lá para Fevereiro, mas subitamente foi anunciado a sua execução cerca de 2 ou 3 dias depois da publicação da sentença. Imagens passaram pelas televisões do mundo com o homem encapuçado e com uma corda ao pescoço. Mas o melhor está para vir. Um alto funcionário do Iraque gravou a execução no seu telemóvel e lançou para o youtube. Eu vi o vídeo e pouco se vê, mas vê-se o alçapão a abrir e o homem a ficar pendurado pelo pescoço. Recentemente foi notícia também o enforcamento do seu meio irmão e de uma juiz ou um alto funcionário da justiça iraquiana da era saddam. Desta vez não foi permitida a presença de telemóveis durante o enforcamento, mas circula uma notícia de que o irmão de saddam foi decapitado durante o enforcamento, fruto de uma corda mal colocada no pescoço e do alçapão ter aberto antes de tempo. Absolutamente vergonhoso!
Outras notícias me escandalizara, como por exemplo, o facto do barril de petróleo ter baixado para perto dos 50 dólares, quando à cerca de 3 meses atrás ter andado perto dos 80 dólares. A subida do preço do barril de petróleo foi acompanhado pelas gasolineiras que comercializam combustível reflectindo-se os preços na nossa carteira. Agora que o petróleo baixou, o governo aumentou o imposto sobre os combustíveis fazendo com que o preço se mantivesse. Deverei ser muito estúpido ou andam a gozar com a nossa cara? De tal forma que isto é ridículo, que os impostos representam em Portugal mais de 65% do preço dos combustíveis! E algo de estranho, de muito estranho se está a passar aqui, pois mesmo os comentadores supostamente independentes do poder político estão a vomitar comentários como: "este aumento de imposto tem lógica e é aceitável pois permite equilibrar as contas públicas...". Surpreendente!
Mas não fico por aqui. Um dos tópicos abordados durante a visita de Cavaco Silva à Indía foi o facto de portugal ter muitos feriados e isso afectar a produtividade nacional. Como sugestão a este cenário catastrófico propõem desviar todos os feriados para 2ªs ou 6ªs feiras... ???... O que é que se passa? mas isto é assunto para ser debatido? Não há outras coisas para pensar? Isto é sério ou é uma brincadeira? Espantoso!
Já estou mais seguro dos próximos passos que irei dar relativamente ao meu futuro. Muito se irá desenrolar daqui para a frente e estou mais sereno. Fui convidado para dar aulas novamente na EPCI e apesar de achar aquela escola uma merda, fico contente por se lembrarem de mim. Acho que vou aceitar.
O afonso e a carolina estão numa fase enternecedora. Hoje não falarei muito deles, mas falarei mais à frente.
Como pensamento positivo para hoje deixo o Sebastião Salgado. É um fotógrafo brasileiro da magnum que percorreu mundo a tirar fotografias sobre o mundo precário do trabalho. É um fotojornalista e editou um albúm absolutamente fascinante intitulado precisamente de trabalho" e com fotos absolutamente estonteantes. Os meus colegas na Unicre ofereceram-me o livro como prenda de casamento e sempre que o abro para rever as fotos fico absolutamente extasiado com a sua capacidade de retratar situações combinando o cru com o poético como ninguém.

segunda-feira, janeiro 15, 2007


Que fazer numa tarde desinspirada? A que recursos da mente deveremos recorrer para combater melancolias, depressões, estados de alma menos conseguidos? Escrever? Provavelmente.
É assim que me sinto hoje... desinspirado (esta palavra existe?), por isso escrevo, ou tento escrever. Já lancei um post hoje, mas não fiquei contente. Qual o objectivo de escrever neste blog? São vários e o primeiro prende-se com o facto de ganhar prática a escrever. Prática a pensar por escrito e a sintetizar pensamentos em letras, frase, parágrafos. Prática para ganhar o gosto, para atingir o tal nirvana que subitamente deixamos de escrever enquanto estamos a escrever e o texto substitui o pensamento tal é o seu apuro e o à vontade do escritor. Este é o meu primeiro objectivo. Um outro objectivo prende-se com a posteridade. O que é que sobra destes dias que atravesso? Que memórias deverão ficar retidas e que impacto terão daqui a uns anos para mim e para quem está à minha volta? É importante deixar um registo escrito e por isso limitado mas tremendamente fiel.
Outros objectivos poderiam ser traçados, mas estes são os mais importantes, os mais imediatos e decifráveis.
Hoje é um dia menos bom... Aliás todos estes dias, excepções aos fins de semana, têm sido menos bons e têm piorado com passar dos tempos. Tudo isto se deve à minha rotina profissional em risco de se tornar a minha tortura profissional. Estou cansado de tudo isto e não sei, ou ainda não sei como hei-de dar a volta. Já estão dados uns passos, por uma via penosa e que vai estragar relações e trazer alguns dissabores não só para mim. Mas até agora tem sido a única via. Todos os dias ao acordar penso: Que merda mais um dia e simultaneamente: este é o dia em que as coisas se vão endireitar. Mas nunca o é. E não é só por culpa do meu próprio trabalho. Também é por minha culpa.
Por isso vou escrevendo ou tentando escrever tal como esta singela missiva. E estou a escrever prinicipalmente para mim e só para mim. Não tenho uma preocupação de tornar isto viável a quem o lê. Estou numa espécie de exorcismos das minhas lamentações, dos meus receios e de vez em quando das minhas alegrias. Este é o meu estado actual - uma tremenda confusão que se instala na minha mente, com dispersões a dispararem em vários sentidos ao mesmo tempo e com uma rapidez extraordinária, sendo um espectador de tudo o que se vai desenrolando à minha volta. Estarei numa crise de idade? Provavelmente estou, motivada por várias razões.
assim vou sobrevivendo à espera de melhores dias. A questão que se levanta é a da espera... Deverei esperar ou os melhores dias estão mesmo aqui, à mão de semear e dependentes da minha acção? Espero que seja a segunda hipótese e que eu leve muito pouco tempo a descobrir.

Ontem assitimos ao primeiro passo do Afonso. Foi depois do jantar deles e enquanto preparava o nosso jantar. O afonso leventou-se sozinho, manteve-se em pé cerca de meio minuto e depois, deu um passo em direcção à cadeira onde ele come. Foi emocionante! A velocidade de desenvolvimento dos nossos filhos é absolutamente extracordinária. Os dentes de cima já se vêm sem qualquer obstáculo e as suas reacções são cada vez mais complexas, mais elaboradas e com um indíce de retroactividade cada vez maior. Os seus sorrisos continuam demolidores e a inquietação em estar conosco é cada vez maior. Quando estamos os dois juntos com eles sentimos a forma como eles reagem, como eles desfrutam da nossa companhia. Segundo a paula são momentos originais que eles não reproduzem com mais ninguém.

Este fim de semana deixamo-los em casa dos meus pais e fomos comemorar o aniversário do fernando a um restaurante indiano da mouraria. Foi muito engraçado com muita bebida à mistura seguido de uma ida ao bairro alto e de uma tentativa frustrada de desfrutar da exposição do amadeo de souza cardoso patente na gulbenkian e aberta especialmente neste dia durante 24 horas. Eram 4 da manhã e aquilo estava um caos. Bichas de pessoas para entrar. Desistimos e fomos para casa. Foi uma noita muito agradável.

Tenho-me comunicado com uns bloguistas do anacruzes. É um blog muito interessante sobre música e os seus post são absolutamente originais e muito interessantes. Dá para sentir de facto o poder destas novas tecnologias e a capacidade que nos oferece em termos de comunicação e de troca de ideias e conceitos. Muito interessante.

As obras na casa começam a ter um fim à vista. Com este novo empreteiro as coisas avançam a bom ritmo e com sorte mudaremos durante o mês que vem.

Como pensamento positivo para hoje deixo a praia. estou com saudades de fazer praia e de me entregar às areias sem horários e preocupações. Bem sei que este é um cenário que se arrisca a só se realizar daqui a uns 15 ou 20 anos quando os nossos filhos ficarem independentes, mas mesmo sem essas preocupações a praia povoa a minha imaginação de uma forma muito forte quase sufocante. Ainda para mais estamos em pleno inverno agora, neste momento, e nestas alturas a imagem de um bom banho de sol, seguido de uma banho de mar e de umas cervejas e marisco é absolutamente reconfortante. Viva a praia! Que venha o bom tempo muito rapidamente e que nos entreguemos à ditadura dos banhos de sol e à oligarquia do mar salgado a perder de vista. Acabem é com as bichas de automóveis.

sexta-feira, janeiro 12, 2007


Novamente as notícias que ecoam nas colunas no meu carro me despertaram para a vida e para eu comentar aqui. Desta vez o acontecimento que me catapultou para mais um dia passou nos nossos antípodas europeus que por sinal é um país que eu aprecio sobremaneira e que julgo estar mais próximo de nós enquanto povo do que os próprios espanhóis. Durante a manhã de hoje a embaixada dos eua na grécia foi atingida por um tiro de bazuca. Quem reivindicou este atentado foi um grupo terrorista de extrema esquerda que opera na grécia e que dá pelo nome de "luta revolucionária". Um tiro de bazuca. Fantástico! Original e directo, sem grandes sofisticações e com uma precisão na mensagem que querem transmitir absolutamente extraordinária. Esta animosidade dos gregos contra os eua já vem de longe. Parece que é costume na grécia, durante as comemorações do dia do trabalhador, fazerem manifestações em frente à embaixada americana e de seguida invistirem contra ela. Parece que é uma espécie de tradição. No intímo achei muita graça a este ataque terrorista, mas se racionalizarmos parece-me muito grave. Primeiro porque estamos num país civilizado, de primeiro mundo e integrado numa comunidade europeia com interesses comuns a defender de uma forma horizontal entre todos os seus membros. Depois porque em sociedades ricas ou mais ou menos ricas, com uma economia estável ou mais ou menos estável, estes actos não são actos de sobrevivência. São actos que implicam uma outra dimensão que poderá estar relacionada, por exemplo, com a falta de ideais de uma sociedade ou pela estagnação revelada ao longo dos últimos anos. Sendo assim estes actos passam a ser considerados como acções de estilo, de recorte quase estético que correm o risco de pegar e de serem imitados. O mesmo se passou em frança há cerca de uma ano com milhares de carros incendiados por grupos de jovens em várias cidades francesas. Supostamente começou-se por uma luta de ideais para uma minoria, mas depois passou a ser um estilo de vida e uma espécie de desporto radical. Os gregos são suficientemente loucos para entrarem numa onda pareceida com esta e então se estão envolvidos os estados unidos, pior ainda. Vamos ver o que se irá passar.
Já fui 2 vezes à grécia, dois anos consecutivos, e é um país absolutamente incontronável. Visitei várias ilhas, mas andei principalmente pelo continente. Os gregos são muito parecidos conosco apesar de não nos entendermos linguisticamente. Têm o mesmo ritmo, os mesmos códigos e o mesmo aspecto. Até agora foi o país em qual me senti melhor e com uma riqueza cultural e natural espantosa. Considero-os um pouco mais espertos do que nós. Vivem numa anarquia parecida com a nossa, mas são mais espontâneos. Têm a merda toda que nós temos, mas conseguem ser um pouco mais sofisticados. São um povo interessantíssimo e com uma identididade cultural muito forte, oriunda principalmente do facto de terem uma língua e um alfabeto muito especial. Pepe Carvalho passa pela grécia no seu último romance e menciona uma série de iguarias e referências gastronómicas muito representativas deste país e com as quais eu me deleito ao lembrar-me das minhas férias na grécia.

Como pensamento positivo para hoje deixo a grécia como não poderia deixar de ser.

quinta-feira, janeiro 11, 2007


Há dias em que estamos bem dispostos, há outros que nem por isso... Hoje é um daqueles dias em que me encontro neste estágio menos bom. estou mal disposto, farto do meu trabalho e dos meus colegas, ansioso por uma mudança repentina e radical na minha vida. A possibilidade de montar um negócio, montar uma empresa tem-me assaltado diariamente se be que é um passo que me assusta um pouco. Precisava do sócio certo para me meter numa aventura como esta e precisava de dinheiro também. Estou cansado desta desorganização, deste mutismo que existe entre mim e o meu chefe (provocada por mim, bem entendido, pois não o consigo entender), farto de acordar todos os dias e não acreditar no projecto em que estou inserido. E estou encurralado... Não sei o que fazer, aliás sei muito bem, mas estou sem energia para o fazer. Tomei uma atitude que considero simples, defensiva e um pouco cobarde - vou-me aguentar até a fonte secar. Vou-me deixar ficar aqui num cantinho à espera do fim do mês e do pagamento do ordenado. Não é uma situação confortável, mas é uma situação.
Estou a dar aulas na Etic. Estou a dar um módulo de marketing relacional e fidelização a uma turma de 11 alunos e com a duração de 25 horas. Tem sido bastante agradável e uma experiência muito válida. Já tinha passado por ela há cerca de 1 ano ao dar aulas na epci. Não foi uma experiência muito agradável devido às turmas que apanhei. Esta turma parece-me muito mais interessante e o próprio conteúdo muito mais apelativo. Faz bem ao ego também. É bom sentir o interesse e a atenção de outros e muito gratificante impor um ritmo e transmitir experiências. É uma boa massagem ao ego mas implica bastante trabalho na preparação das aulas e uma ginástica quando estou em sala. inástica para dar tudo no tempo e para captar a atenção dos meus ouvintes. Comecei por dar 3 aulas logo no início de janeiro e agora vou dar as restantes a partir do dia 18 de Janeiro. Estou um pouco à rasca com os conteúdos pois dei bastante matéria nestas 3 primeiras aulas.
Hoje almoçei com os meus antigos colegas da Vida é Bela. Confesso que fiquei um pouco invejoso por não ter aquele fogo e aquele entusiasmo á volta e um projecto. Fiquei deprimido por voltar à minha empresa e encarar o mesmo clima depressivo que já se vem arrastando desde há muito tempo. Cada vez mais só vejo uma solução no horizonte - mudar. Mudar de vida, mudar de horizontes. Gostava de vender o projecto da maior galeria do mundo e trabalhar nele. Estou à espera de uma apreciação por parte do Quina. Pode ser uma via e uma solução... Vamos ver.

Já despedimos o nosso emprenteiro e substituimos por outro. O trabalho feito até agora está mal feito e sem cuidado absolutamente nenhum. É um desespero...

Que nos valha a alegria dos nossos filhos e o seu crescimento galopante. Cada vez mais interactivos, mais alegres. Estão quase a falar e o afonso já se põe em pé sozinho e aguenta-se uns segundos nas duas pernas. Eu não vi ainda, mas foi a Paula que me contou.

A Paula vai fazer um styling a uma cliente da Vida é Bela no próximo sábado. É uma manhã de trabalho, mas que rende 150 euros que é muito bom.

Fala-se muito agora sobre o referendo sobre a despenalização do aborto ou IVG - interrupção voluntária da gravidez. Estamos a cerca de 1 mês deste referendo e as campanhas a favor e contra começam a mexer-se a sério. Curiosamente há mais movimentos a favor do não do que do sim. No anterior referendo em 1998, abstive-me. Não por preguiça, mas por indecisão. Na verdade eu fui sempre a favor da despenalização, mas na altura a TT era contra e esgrimia argumentos muito válidos que me fizeram pensar. Hoje estou absolutamente convicto que sou a favor do sim e vou votar às urnas para se acabar com esta vergonha de uma vez por todas. Sou a favor do sim por uma questão de egoísmo. Se eu passasse por uma situação de aborto com uma mulher que não me interessava, não teria quaisquer dúvidas em partir para a situação do aborto. Mas entendo as pessoas que são a favor do não. Na verdade é interromper uma vida, quer queiramos quer não e dessa perspectiva torna-se sempre doloroso optar por um aborto, mais doloroso agora que tenho filhos. Mas a escolha por abortar ou não deveria ser da responsabilidade de cada um e é isso que eu defendo.

Como pensamento positivo para hoje deixo a pintora paula rego. Hoje o CAM da gulbenkian vai apresentar ao público um novo tríptico encomendado a esta pintora que dá pelo nome de vanitas e é dedicado à beleza e à morte. Não sou um grande, grande fã dos quadros desta pintora, mas reconheço a força da pintura dela. Não gostaria muito de conviver com os quadros dela, mas a verdade é que eles causam-me sempre uma impressão que fica gravada na mente. Lembro-me de uma exposição que fui ver ao CCB há uns anos atrás sobre a série das mulheres pintada a pastel. São quadros impressionantes, incómodos e crus, muito crus. Ainda hoje me lembro desses quadros e cada vez que me lembro percorre-me um arrepio pela espinha. A sua forma de retratar situações e pessoas é de facto muito potente e a sua transposição para a tela muito eficiente. É uma pintura experiencial e com uma presença muito imponente e esmagadora na nossa alma, na nossa cabeça.

quarta-feira, janeiro 10, 2007


Hoje é quarta-feira, hoje é dia de almoçar com o meu pai. Vamos habitualmente almoçar ao peter´s na marina de oeiras e são almoços normalmente muito agradáveis.

Ontem foi dia do afonso e a carolina regularizarem os seus sonos. Desde a loucura da época natalícia/aniversário/ano novo que temos andado com os horários trocados, fruto da extensão da sua hora de dormir até por volta da meia noite ou mais. Por isso ontem acordaram do sono da tarde e foram directos para o jantar sem passar pelo lanche. Comeram muito bem, muito melhor que o costume e estavam tão bem dispostos que o nosso jantar, a seguir ao deles, foi acompanhado de muitos sorrisos, mesmo garagalhadas enquanto comíamos. Estão a atravessar uma fase com muito ciúme à mistura e muita captação de atenção. Ontem por exemplo enquanto eu e a paula falávamos entre nós, os dois começavam invariavelmente numa chinfrindeira para captar a atenção da mãe. Foi muito agradável.

A Paula recomeçou a trabalhar com a sílvia alberto num novo programa para a rtp. Qualquer coisa que tem a ver com caçadores de talentos. Este situação é idela para nós, pois ganha muito bem e normalmente tem um dia de trabalho de preparação e um dia de gravações. Se a paula se mantivesse assim neste ritmo seria muito bom para nós e principalmente para os nossos filhos pois teriam um acompanhamento constante da mãe.

Neste momento os estados unidos estão a bombadear a somália, consequência da declaração de guerra da etiópia a este país. Argumentam que o fazem apenas a redutos muçulmanos pois acreditam que estão a operar muitas células a partir deste país com uma democracia absolutamente falhada e que vive em absoluta anarquia desde 1991. Certamente que existe algum fundo de razão nisto tudo, mas o que me espanta mais é a suposta capacidade de organização da al-quaeda. Esta organização terrorista com tentáculos espalhados pelo mundo inteiro, consegue actuar em simultâneo em vários locais do mundo e ameaçam a ordem mundial. Como? Estão assim tão bem organizados? Como é que comunicam de uma forma eficaz sem serem detectados por todos os sofisticadíssimos sistemas de detecção? Fala-se em campos de treino e nisso acredito, mas não seriam fáceis de detectar? A al-quaeda será uma espécie de universidade de terrorismo com franchises em vários locais do mundo e que lançam recém-licenciados nos seus quadros? Na verdade tudo isto me parece estranho. Para começar quando existe uma determinada ameaça terrorista vindo do mundo árabe, saem logo notícias sobre a capacidade de investimento destes sujeitos em várias praças financeiras e supostamente apoiados por barões do petróleo oriundo principalmente da arábia saudita. Movimentam milhões e milhões de doláres por forma a financiar as suas operações e os seus campos de treino. Conseguem fazê-lo sem recurso a telemóveis e quaisauer comunicações e a juntar a tudo isto de parte incerta. Parece-me um cenário absolutamente fantástico. Depois, o segundo sintoma que invariavelmente aparece são as cassetes de vídeo. Os americanos têm uma capacidade extraordinária de encontrar cassetes de vídeo analógicas no meio dos escombros e ainda por cima com gravações de reuniões dos altos dirigentes da al-quaeda. O conteúdo destas cassetes é imediatamente revelado como que a justificar todas as acções futuras de guerra, e mostram-nos um data de árabes sentados no chão, a rezar e a ameaçar todos os ocidentais, principalmente os americanos e com uma imagem sempre, mas sempre muito má. Pergunto-me... tipos tão sofisticados como estes gravam as suas reuniões em cassetes de vídeo analógicas? e com a qualidade que apresentam? e os americanos conseguem descobrir estas cassetes no meio de escombros? e servem como prova para atacar um país e matar milhares de pessoas? E reuniões tão secretas são postas em vídeo? São secretas ou não são? Tudo isto me parece muito estranho. Daqui a uns anos vão descobrir este enredo tramado.

Como pensamento positivo para hoje, deixo uma série de tv americana e verdadeiramente fora de série. Falo da dona de casa desesperadas e quando vi de enfiada a primeira série foi uma revelação. O cuidado com a produção, o desenho das personagens e a própria construção da trama é fantástica e viciante. Nunca sai do universo doméstico e é um grande prazer ver esta série. Ontem vi 2 episódios de enfiada na sic e por isso lembrei-me de trazer estas donas de casa desesperadas para aqui

terça-feira, janeiro 09, 2007


Despertei para a vida com as notícias que a TSF debitava no rádio do meu carro. Retive as viagens do primeiro ministro à china e do presidente da república à india, os dois acompanhados por uma comitiva de empresários portugueses com interesses nesses mercados emergentes. Será que nos estamos a tornar um país verdadeiramente interessante e com uma estratégia a longo prazo? Espero sinceramente que sim. Estes dois países são de facto players decisivos num futuro muito próximo com destaque natural para a china. Um comentador da tsf referiu a india como uma espécie de escritório do mundo assegurando serviços, principalmente na área da informática e novas tecnologias e com uma capacidade ímpar de exportação de cérebros. A china foi mencionada como um mercado gigantesco de consumo. Parece-me muito bem estas iniciativas e fico contente com a possibilidade de nós sermos um futuro parceiro destas 2 potências. Mas o meu contentamento não é por oposição aos estados unidos. Na verdade acho que quando estes países começarem a liderar o mundo as nossas condições de vida vão-se deteriorar significativamente. Vejo o "amigo americano" como um menor dos males para nós. Isso não faz deles uns anjos. Têm a sua arrogância e prepotência bem presente que chega a roçar o ridículo, mas que apesar de tudo nos garante uma segurança muito interessante. A par destes países, o brasil devia ser a grande aposta. Este vai ser o 2º ou 3º player mundial daqui a uns anos, só ultrapassado pelos estados unidos e pela china. E temos uma grande vantagem - falamos a mesma língua.

Nem de propósito, Pepe Carvalho, no livro que estou a ler, encontra-se precisamente na india com um propósito: banhar-se no ganges para sentir a magia e a espiritualidade deste rio. A descrição da india é absolutamente fascinante e as considerações que tece sobre a sua sociedade, os seus costumes e principalmente a sua gastronomia não tem par no mundo literário. Grande Pepe Carvalho!

Os meus filhos estão numa fase muito especial. Já quase que falam e já adquiriram um estado de espírito muito próprio deles. A carolina é mais calma e revela maior concentração em tudo o que faz. O afonso é mais agitado, queima muito mais energia e revela algumas características de hiperactividade. Espero muito sinceramente que tal não lhe venha a acontecer, mas se assim for já nos estamos a preparar para lidar com ela. Os sorrisos deles são cada vez mais intensos e o surgimento de gargalhadas cada vez mais regular.

Continuo numa fase crítica do meu percurso profissional. Neste momento jogo em 2 campos com a ameaça de a qualquer momento transferir-me para outra empresa. Não é uma situação que me agrade muito. Normalmente sou muito dado a estas mudanças, a estes surgimentos de novos ciclos, mas agora enfrento um estado de espírito que previligia as duas situações - a manutenção e a mudança. Vamos ver no que isto dá.

Como pensamento positivo para hoje deixo essa grande banda que são os Massive Attack. Toda a discografia desta banda continua actual e de disco para disco evoluem para um novo estádio absolutamente diferenciado do anterior. A sua vitalidade criativa também se revela em palco. Já fui assistir a 3 concertos deles em lisboa. O primeiro no pavilhão atlântico que foi excelente. Lembro-me de uma cena inolvidável do público a acender os isqueiros ritmadamente ao som da música deles. Foi de tal forma impressionante que os massive attack pararam a música e pediram para filmar o sucedido. Eu próprio estava extasiado com o sucedido. Foi um momento mágico. Anos depois, logo após o lançamento do albúm 100th window, um albúm difícil à primeira, denso, escuro, pesado, mas depois quando se entende torna-se brilhante, incrível e de facto revolucionário, vieram mais uma vez a lisboa para apresentar o albúm. O concerto foi no coliseu e eu conjeturava o que é que eles iriam fazer para nos surpreender, tanta qualidade foi a que apresentaram no concerto anterior. O albúm era dificíl, não era dançavel e lento, deliciosamente lento. O concerto surpreendeu tudo e todos pela sua qualidade cénica e pelo aparato de tecnologia que nos puseram à disposição. Foi outro momento mágico e o saldo ainda foi mais positivo que o anterior. Foi o melhor concerto a que já assisti na minha vida inteira. Foi um momento de pura magia. O 3º concerto foi integrado num festival e não teve tanta graça, apesar de ser sempre agradável vê-los ao vivo. São bandas como estas que nos fazem lembrar que apesar da crise de ideias e de criatividade que vivemos, que a minha geração vive, ainda somos capazes de lançar produtos absolutamente intocáveis em termos de qualidade e de lançamento de bases para futuras gerações. Os Massive Attack são um dos marcos musicais da nossa geração senão o maior deles todos.

segunda-feira, janeiro 08, 2007


Já chegamos a 2007. É engraçado sentir o efémero que circunda o assinalar de uma determinada data. Chegar a 2007 significa que nunca mais vamos ter oportunidade de viver 2006. Este ano encerrou-se em si mesmo e dele fica uma recordação... apenas uma recordação. Chega a ser triste e encantador ao mesmo tempo. Para mim, 2006 foi um ano crucial na minha vida. De uma importância e de uma magnitude à qual não estava habituado. Foi o ano em que tive de reformular por completo a minha vida em função de um novo ritmo adaptado ao crescimento dos meus filhos. De meros seres vivos apenas com a capacidade de mamar, cagar e mijar e dormir, eles foram crescendo a um ritmo alucinante durante este ano de 2006, para chegarem a 2007 quase a falarem, quase a andarem, a distribuir sorrisos (já com alguns dentes) e irritações por todos e com uma vontade já muito própria. E o mais engraçado é que eles não se irão lembrar de nada, o que acresenta um toque de ainda mais efémero a este ano. As memórias de um tempo de vida crucial para os meus filhos vão ficar apenas encerradas na minha memória e nas da paula. Durante este ano que passou eles definiram todas as bases que irão reflectir a sua capacidade de se integrar em sociedade e de se adaptarem a todas as circunstâncias e tudo isto sem o conhecimento de causa. Foram lançados tipo rocket para uma vida que vem aí, espero eu cheio de sucessos e repleta de felicidade. Será essa a nossa responsabilidade, a nossa obrigação, o nossos desejo. Proporcionar uma boa vida aos nossos filhos. Fazer deles seres humanos exemplares e acima de tudo orgulhosos e de bem com a vida.
Mas também foi um ano com a sua quota de "horribilis". Esta quota refere-se principalmente à nossa casa. Não está pronta e não estará em breve como desejaríamos. E estamos envolvidos num turbilhão de enganos e mal entendidos dos quais não prevejo que nada de bom sairá. Tudo correu mal e continua a correr, para além de cada vez mais estarmos mais falidos. Quero enquadrar isto como uma espécie de estágio antes de irmos para a nova casa. Pior não nos poderá acontecer.
Dezembro foi um mês peculiar e sempre o será para o resto das nossas vidas, senão vejamos: 22 ou 23 o Natal dos amigos, 24 de Dezembro tenho o natal em casa dos meus pais. 25 de Dezembro em casa dos pais da Paula. 28 de Dezembro o aniversário dos meus filhos e 31 de Dezembro a passagem de ano. A roçar o épico!
Dia 24 em casa dos meus pais foi muito agradável, aliás como sempre. Depois de chegarmos a casa dos meus pais e convivermos um pouco, chega o jantar. Depois da comida vamos todos para o quarto enquanto os meus pais e tios preparam a sala com o chão cheio de prendas. Lá dentro vamos trocando umas impressões sobre a mini performance que irá ilustrar a nossa entrada na sala. Este ano, o francisco e a inês entraram em primeiro lugar anunciando, por sua vez, a entrada do rei e da rainha na sala. A seguir entraram em fila indiana a sofia, o miguel, o filipe e a paula empurrando uma caixa de cartão com o afonso e eu empurrando outra caixa de cartão com a carolina lá dentro. A paula tinha feito umas pequenas coroas em feltro com um elástico para colocar na cabeça de cada um. A entrada foi feita ao som de "louvado seja o senhor". Foi um sucesso. Depois veio a abertura das prendas e a confusão do costume. A noite acabou lá pela 1 hora com o afonso e a carolina a resistirem aos seus sonos estoicamente, apesar de já estarem muito cansados.
No dia seguinte fomos para casa dos pais da paula almoçar. Lá estavam os tios da paula, mais o avô e os irmãos. Foi mais calmo mas muito engraçado também com direito a mais uma sessão de abertura de prendas. Depois fomos para casa para descançar, pois havia que preparar uma data importantíssima - o 1º aniversário dos meus filhos.
Até à data não tínhamos pensado em nada e nos dias que se seguiram não pensamos em nada, por pura incapacidade devido ao cansaço. Até que no dia anterior decidimos convidar toda a gente para nossa casa sem qualquer critério, significando que juntaria amigos e famílias num mesmo local. Foi um sucesso... Mais de 40 pessoas passaram por nossa casa. Houve alguns momentos de stress que só me apercebi mais tarde quando a paula falou comigo. De facto deveria ter tomado mais atenção a determinadas coisas por forma a poder ajuda-la. Mas na verdade eu queria era estar à vontade e falhei em alguns pormenores. Foi pena, mas apesar de tudo foi muito agradável. Para o ano tomarei mais atenção.
Acabou, apesar de tudo, bastante cedo, cerca das 11 horas. Ainda faltava o fim de ano e já estavamos estoirados. Tínhamos convites para a exclusivíssima festa do Lux e ainda não sabíamos o que fazer. Tínhamos apenas uma certeza. Queríamos passar a meia noite com os nossos filhos. E assim foi. Fomos a uma festa a casa do Pedro Forca com o david e a cristina, o francis e a mafalda, o joca, o luis albuquerque e a ana rita, a marta e a tchinha. Foi uma festa calma. Passámos a meia noite com os nossos filhos nos braços e cerca de meia hora depois voltamos para casa. Eles aguentaram-se até depois da meia noite, mas no carro já estavam em sono profundo.
Estes foram os nossos conturbados dias de Dezembro e assim o vão ser ao longo de muitos e muitos anos.

Como pensamento positivo para hoje deixo o grande escritor Manuel Vasquez Montálban e a seu personagem extraordinário, o detective Pepe Carvalho. Estou a ler o seu último romance escrito antes de morrer entitulado Milénio Carvalho: Rumo a Cabul e de facto é um prazer discorrer e dissecar as aventuras policiais/geopolíticas/gastronómicas deste grande personagem. Tenho a sensação que estou perante um dos grandes escritores do nosso tempo que conseguiu criar um personagem de primeira água. Todos os livros que já li deste personagem supreendem-me não só pela mordacidade do autor como também pela capacidade elástica que revelam as suas aventuras. Finalmente a obra integral está a ser publicada em portugal e consumirei avidamente todos os seus livros, mesmo os que já li anteriormente. Tenho uma verdadeira paixão por este personagem como nenhum antes me tinha despertado. Gostaria de escrever assim, com esta acutilância, este ritmo, esta inteligência. O Pepe Carvalho será uma das etapas marcantes destes meus dias. A cada livro que leio tenho a sensação terrível que este homem morreu cedo de mais. Para mim o Pepe Carvalho é comparado ao Corto Maltese da banda desenhada. Nunca nem ninguém conseguiu chegar tão longe...