segunda-feira, janeiro 29, 2007


Está um frio de rachar... Ontem, domingo, esteve ainda pior. Foi tudo documentado na tv, com avisos sucessivos de alertas laranjas e amarelos e de todas as cores por forma a manter toda a gente bem informada e sobretudo agasalhada. E de tal forma isto resulta que as pessoas ficam muito descansadas e para combater o frio não saem de casa. É verdade, parece que ninguém gosta de um friozinho e de sentir as várias caras da natureza. No sábado pude comprovar exactamente isto que estou a dizer. Estava frio, é verdade, mas não estava assim tanto frio que justificasse o concorrido jardim da estrela estar completamente vazio. Fomos andar nos baloiços com os putos e com o francis a mafalda e os filhos e o parque das crianças estava totalmente vazio. Ninguém para andar nos baloiços e nas outras geringonças que por lá haviam. Foi uma sensação estranha e engraçada ao mesmo tempo. Não sei se isto é um sinal de civilidade ou de outra coisa qualquer. De facto é bom termos estes avisos e preparar-mos tudo de antemão para não haver falhas e correr tudo bem, mas vendo bem também me parece uma coisa algo estúpida. Perder uma série de coisas boas só porque não queremos arriscar... arriscar? arriscar em quê? Passamos a arriscar a partir do momento em que nos previnem. É este medo que eu tenho medo que se instale nas nossas vidas. O medo de pisar o risco, de arriscar. Assusta-me as sociedades extremamente organizadas em que tudo funciona da mesma forma e quando alguém faz de forma diferente imediatamente temos o vizinho do lado a denunciar-nos. E faz isto de consciência tranquila, pois usa o argumento que está a por em causa a segurança dos que estão à volta dele. Muitas vezes isto acontece, mas deve haver um limiar para isto. Eu tenho de ter a possibilidade de não querer fazer as coisas de determinada forma, tenho que ter a liberdade de complicar a minha vida e de não ser denunciado ou julgado por isso. Cada vez mais e sobretudo após o 11 de Setembro, a nossa sociedade tem vindo a cerrar-se em si própria, permitindo soluções absurdas em prol de um siposto bem comum. Todas as acções são justificáveis desde que garantam segurança. É um bom princípio, mas todos nós já deveríamos estar num estado avançado de civismo para colocar alguns travões nesta forma de pensar e de agir. Falo de uma posição confortável, pois nunca senti o terrorismo perto de mim, nem ele me afectou directamente. Caso contrário pensaria, se calhar, de forma diferente, mas o terrorismo não deverá servir como escudo ou como justificação para todas as barbaridades que nos estão a infligir enquanto cidadãos. Partindo desta forma de pensar vai-se educando uma geração que estará apta a aceitar tudo e a praticar um civismo que em nada honra as conquistas que se foram fazendo no passado pelo direito da cidadania. As novas gerações estarão habituadas a violações da liberdade, privações de várias naturezas e assentes numa cultura de denúncia e muito individualista. E quando chegarem ao poder querem ter a certeza que a sua vida até então não foi em vão e vão praticar, fomentar e desenvolver tudo a que foram sujeitos durante as suas vidas. Traçar uma linha entre violação e segurança é difícil, mas devia estar muito mais presente na mente de todos. Os governos e os governantes fazem uso do medo para precisamente fazer com que a violação ganhe e ao usarem o medo como arma estão a atingir bem lá no coração todas as famílias e pessoas que apenas querem sobreviver. Vamos ver no que isto dá.
Este fim de semana experimentamos a máquina bimby do francis. Combinados um almoço em casa dele e foi bastante agradável. Na verdade a paula tinha lançado o desafio de fazermos um almoço todos juntos para comemorar o futuro nascimento da violeta, terceiro filho da mafalda e do francis. Este nascimento está cravado de dúvidas e agústias principalmente para eles e para todos os que o rodeiam. Não foi (mais uma vez) uma gravidez desejada pela mafalda e pelo francis. Foi anunciada muito tarde pelo que apanhou toda a gente de surpresa e que indicia algum incómodo. Decidimos marcar este almoço para desafiar e acabar com este clima horrível e sufocante, mas pouca gente respondeu e inclusivé a mafalda e o francis não podiam porque não tinham dinheiro... mas tinham lá em casa uma bimby! Fomos comprar os ingredientes e comemoramos nós os 4. Foi muito agradável.
Durante o almoço a carolina perdeu o medo de andar. Agarrou-se a uma espécie de carrinho com um andarilho e foi um ver se te avias a correr e a rir-se às gargalhadas pela casa toda. Foi um momento muito engraçado.
Como pensamento psoitivo para hoje deixo o john difool, uma personagem que o moebius criou para sustentar a BD do incal. Gosto da personagem que é uma espécie de anti-herói, cobarde e oportunista mas que tudo gira à volta dele e ele é sempre a chave para resolver os problemas, memsmo fugindo deles e não querendo nada com a realidade. Esta bd passa-se no futuro e tem um deslumbre gráfico muito próprio do moebius. Esta bd marcou-me, pois foi a rampa de lançamento para desenvolver o meu gosto à volta da 9ª arte. Foi uma espécie de debute para apreciar a bd de adultos. Sempre li muita bd, mas existe um momento em que o deslumbre gráfico fica determinado e afectado pelo argumento que lentamente se vai sobrepondo ao traço. Esta bd alia as duas coisas de uma forma exemplar e deverá permanecer como uma etapa inultrapássável da história da bd europeia e mundial. Ainda hoje me lembro de referências transmitidas por esta obra. E a sensação de redescobrir qualquer coisa é deslumbrante. É uma espécie de porta que se abre para um infindável número de novas sensações que poderão provir deste arriscado passo. É uma espécie de graal terreno que nós passamos a perseguir em todas as coisas da vida e que à medida que o tempo avança se torna mais difícil encontrar graais que nos façam lembrar do valor da vida e da condição humana.

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