terça-feira, janeiro 09, 2007


Despertei para a vida com as notícias que a TSF debitava no rádio do meu carro. Retive as viagens do primeiro ministro à china e do presidente da república à india, os dois acompanhados por uma comitiva de empresários portugueses com interesses nesses mercados emergentes. Será que nos estamos a tornar um país verdadeiramente interessante e com uma estratégia a longo prazo? Espero sinceramente que sim. Estes dois países são de facto players decisivos num futuro muito próximo com destaque natural para a china. Um comentador da tsf referiu a india como uma espécie de escritório do mundo assegurando serviços, principalmente na área da informática e novas tecnologias e com uma capacidade ímpar de exportação de cérebros. A china foi mencionada como um mercado gigantesco de consumo. Parece-me muito bem estas iniciativas e fico contente com a possibilidade de nós sermos um futuro parceiro destas 2 potências. Mas o meu contentamento não é por oposição aos estados unidos. Na verdade acho que quando estes países começarem a liderar o mundo as nossas condições de vida vão-se deteriorar significativamente. Vejo o "amigo americano" como um menor dos males para nós. Isso não faz deles uns anjos. Têm a sua arrogância e prepotência bem presente que chega a roçar o ridículo, mas que apesar de tudo nos garante uma segurança muito interessante. A par destes países, o brasil devia ser a grande aposta. Este vai ser o 2º ou 3º player mundial daqui a uns anos, só ultrapassado pelos estados unidos e pela china. E temos uma grande vantagem - falamos a mesma língua.

Nem de propósito, Pepe Carvalho, no livro que estou a ler, encontra-se precisamente na india com um propósito: banhar-se no ganges para sentir a magia e a espiritualidade deste rio. A descrição da india é absolutamente fascinante e as considerações que tece sobre a sua sociedade, os seus costumes e principalmente a sua gastronomia não tem par no mundo literário. Grande Pepe Carvalho!

Os meus filhos estão numa fase muito especial. Já quase que falam e já adquiriram um estado de espírito muito próprio deles. A carolina é mais calma e revela maior concentração em tudo o que faz. O afonso é mais agitado, queima muito mais energia e revela algumas características de hiperactividade. Espero muito sinceramente que tal não lhe venha a acontecer, mas se assim for já nos estamos a preparar para lidar com ela. Os sorrisos deles são cada vez mais intensos e o surgimento de gargalhadas cada vez mais regular.

Continuo numa fase crítica do meu percurso profissional. Neste momento jogo em 2 campos com a ameaça de a qualquer momento transferir-me para outra empresa. Não é uma situação que me agrade muito. Normalmente sou muito dado a estas mudanças, a estes surgimentos de novos ciclos, mas agora enfrento um estado de espírito que previligia as duas situações - a manutenção e a mudança. Vamos ver no que isto dá.

Como pensamento positivo para hoje deixo essa grande banda que são os Massive Attack. Toda a discografia desta banda continua actual e de disco para disco evoluem para um novo estádio absolutamente diferenciado do anterior. A sua vitalidade criativa também se revela em palco. Já fui assistir a 3 concertos deles em lisboa. O primeiro no pavilhão atlântico que foi excelente. Lembro-me de uma cena inolvidável do público a acender os isqueiros ritmadamente ao som da música deles. Foi de tal forma impressionante que os massive attack pararam a música e pediram para filmar o sucedido. Eu próprio estava extasiado com o sucedido. Foi um momento mágico. Anos depois, logo após o lançamento do albúm 100th window, um albúm difícil à primeira, denso, escuro, pesado, mas depois quando se entende torna-se brilhante, incrível e de facto revolucionário, vieram mais uma vez a lisboa para apresentar o albúm. O concerto foi no coliseu e eu conjeturava o que é que eles iriam fazer para nos surpreender, tanta qualidade foi a que apresentaram no concerto anterior. O albúm era dificíl, não era dançavel e lento, deliciosamente lento. O concerto surpreendeu tudo e todos pela sua qualidade cénica e pelo aparato de tecnologia que nos puseram à disposição. Foi outro momento mágico e o saldo ainda foi mais positivo que o anterior. Foi o melhor concerto a que já assisti na minha vida inteira. Foi um momento de pura magia. O 3º concerto foi integrado num festival e não teve tanta graça, apesar de ser sempre agradável vê-los ao vivo. São bandas como estas que nos fazem lembrar que apesar da crise de ideias e de criatividade que vivemos, que a minha geração vive, ainda somos capazes de lançar produtos absolutamente intocáveis em termos de qualidade e de lançamento de bases para futuras gerações. Os Massive Attack são um dos marcos musicais da nossa geração senão o maior deles todos.

2 comentários:

Gi disse...

Para além da meia dúzia de livros que tenho do Manuel Vazquez Montalbám, já li mais uns quantos emprestados. Acredita que já experimentei receitas do Pepe de Carvalho por brincadeira e ficaram boas? Fiquei esclarecida quanto à qualidade da escrita que vi numa brincadeirinha do BonaMúsica onde ontem fui pela primeira vez.

Tenha um bom dia

main mense disse...

Cara GI...
É com um enorme prazer que encontro outros apreciadores desse grande escritor que é o Montalbán. Já o leio desde há uns anos e sempre foi uma grande frutração para mim não ter a obra dele publicada integralmente em português.
Para meu grande contentamento a ASA decidiu publicar a obra completa do Pepe Carvalho e começou pelo seu último romance escito antes da sua trágica mas quase poética morte no aeroporto de bangkok. Aconse-lho vivamente este último romance cuja primeira parte já devorei e anseio pela segunda parte a publicar dentro de dias.
Já pensei em experimentar receitas do pepe carvalho. Com o seu incentivo vou-me dedicar a elas e depois, se achar interessante, comentarei consigo. Existe um livro publicado em espanhol com as receitas do pepe carvalho. esta poderá ser uma boa pista para si.
Não entendi a última parte do seu comentário.
Cumprimentos