segunda-feira, janeiro 08, 2007


Já chegamos a 2007. É engraçado sentir o efémero que circunda o assinalar de uma determinada data. Chegar a 2007 significa que nunca mais vamos ter oportunidade de viver 2006. Este ano encerrou-se em si mesmo e dele fica uma recordação... apenas uma recordação. Chega a ser triste e encantador ao mesmo tempo. Para mim, 2006 foi um ano crucial na minha vida. De uma importância e de uma magnitude à qual não estava habituado. Foi o ano em que tive de reformular por completo a minha vida em função de um novo ritmo adaptado ao crescimento dos meus filhos. De meros seres vivos apenas com a capacidade de mamar, cagar e mijar e dormir, eles foram crescendo a um ritmo alucinante durante este ano de 2006, para chegarem a 2007 quase a falarem, quase a andarem, a distribuir sorrisos (já com alguns dentes) e irritações por todos e com uma vontade já muito própria. E o mais engraçado é que eles não se irão lembrar de nada, o que acresenta um toque de ainda mais efémero a este ano. As memórias de um tempo de vida crucial para os meus filhos vão ficar apenas encerradas na minha memória e nas da paula. Durante este ano que passou eles definiram todas as bases que irão reflectir a sua capacidade de se integrar em sociedade e de se adaptarem a todas as circunstâncias e tudo isto sem o conhecimento de causa. Foram lançados tipo rocket para uma vida que vem aí, espero eu cheio de sucessos e repleta de felicidade. Será essa a nossa responsabilidade, a nossa obrigação, o nossos desejo. Proporcionar uma boa vida aos nossos filhos. Fazer deles seres humanos exemplares e acima de tudo orgulhosos e de bem com a vida.
Mas também foi um ano com a sua quota de "horribilis". Esta quota refere-se principalmente à nossa casa. Não está pronta e não estará em breve como desejaríamos. E estamos envolvidos num turbilhão de enganos e mal entendidos dos quais não prevejo que nada de bom sairá. Tudo correu mal e continua a correr, para além de cada vez mais estarmos mais falidos. Quero enquadrar isto como uma espécie de estágio antes de irmos para a nova casa. Pior não nos poderá acontecer.
Dezembro foi um mês peculiar e sempre o será para o resto das nossas vidas, senão vejamos: 22 ou 23 o Natal dos amigos, 24 de Dezembro tenho o natal em casa dos meus pais. 25 de Dezembro em casa dos pais da Paula. 28 de Dezembro o aniversário dos meus filhos e 31 de Dezembro a passagem de ano. A roçar o épico!
Dia 24 em casa dos meus pais foi muito agradável, aliás como sempre. Depois de chegarmos a casa dos meus pais e convivermos um pouco, chega o jantar. Depois da comida vamos todos para o quarto enquanto os meus pais e tios preparam a sala com o chão cheio de prendas. Lá dentro vamos trocando umas impressões sobre a mini performance que irá ilustrar a nossa entrada na sala. Este ano, o francisco e a inês entraram em primeiro lugar anunciando, por sua vez, a entrada do rei e da rainha na sala. A seguir entraram em fila indiana a sofia, o miguel, o filipe e a paula empurrando uma caixa de cartão com o afonso e eu empurrando outra caixa de cartão com a carolina lá dentro. A paula tinha feito umas pequenas coroas em feltro com um elástico para colocar na cabeça de cada um. A entrada foi feita ao som de "louvado seja o senhor". Foi um sucesso. Depois veio a abertura das prendas e a confusão do costume. A noite acabou lá pela 1 hora com o afonso e a carolina a resistirem aos seus sonos estoicamente, apesar de já estarem muito cansados.
No dia seguinte fomos para casa dos pais da paula almoçar. Lá estavam os tios da paula, mais o avô e os irmãos. Foi mais calmo mas muito engraçado também com direito a mais uma sessão de abertura de prendas. Depois fomos para casa para descançar, pois havia que preparar uma data importantíssima - o 1º aniversário dos meus filhos.
Até à data não tínhamos pensado em nada e nos dias que se seguiram não pensamos em nada, por pura incapacidade devido ao cansaço. Até que no dia anterior decidimos convidar toda a gente para nossa casa sem qualquer critério, significando que juntaria amigos e famílias num mesmo local. Foi um sucesso... Mais de 40 pessoas passaram por nossa casa. Houve alguns momentos de stress que só me apercebi mais tarde quando a paula falou comigo. De facto deveria ter tomado mais atenção a determinadas coisas por forma a poder ajuda-la. Mas na verdade eu queria era estar à vontade e falhei em alguns pormenores. Foi pena, mas apesar de tudo foi muito agradável. Para o ano tomarei mais atenção.
Acabou, apesar de tudo, bastante cedo, cerca das 11 horas. Ainda faltava o fim de ano e já estavamos estoirados. Tínhamos convites para a exclusivíssima festa do Lux e ainda não sabíamos o que fazer. Tínhamos apenas uma certeza. Queríamos passar a meia noite com os nossos filhos. E assim foi. Fomos a uma festa a casa do Pedro Forca com o david e a cristina, o francis e a mafalda, o joca, o luis albuquerque e a ana rita, a marta e a tchinha. Foi uma festa calma. Passámos a meia noite com os nossos filhos nos braços e cerca de meia hora depois voltamos para casa. Eles aguentaram-se até depois da meia noite, mas no carro já estavam em sono profundo.
Estes foram os nossos conturbados dias de Dezembro e assim o vão ser ao longo de muitos e muitos anos.

Como pensamento positivo para hoje deixo o grande escritor Manuel Vasquez Montálban e a seu personagem extraordinário, o detective Pepe Carvalho. Estou a ler o seu último romance escrito antes de morrer entitulado Milénio Carvalho: Rumo a Cabul e de facto é um prazer discorrer e dissecar as aventuras policiais/geopolíticas/gastronómicas deste grande personagem. Tenho a sensação que estou perante um dos grandes escritores do nosso tempo que conseguiu criar um personagem de primeira água. Todos os livros que já li deste personagem supreendem-me não só pela mordacidade do autor como também pela capacidade elástica que revelam as suas aventuras. Finalmente a obra integral está a ser publicada em portugal e consumirei avidamente todos os seus livros, mesmo os que já li anteriormente. Tenho uma verdadeira paixão por este personagem como nenhum antes me tinha despertado. Gostaria de escrever assim, com esta acutilância, este ritmo, esta inteligência. O Pepe Carvalho será uma das etapas marcantes destes meus dias. A cada livro que leio tenho a sensação terrível que este homem morreu cedo de mais. Para mim o Pepe Carvalho é comparado ao Corto Maltese da banda desenhada. Nunca nem ninguém conseguiu chegar tão longe...

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