segunda-feira, janeiro 15, 2007


Que fazer numa tarde desinspirada? A que recursos da mente deveremos recorrer para combater melancolias, depressões, estados de alma menos conseguidos? Escrever? Provavelmente.
É assim que me sinto hoje... desinspirado (esta palavra existe?), por isso escrevo, ou tento escrever. Já lancei um post hoje, mas não fiquei contente. Qual o objectivo de escrever neste blog? São vários e o primeiro prende-se com o facto de ganhar prática a escrever. Prática a pensar por escrito e a sintetizar pensamentos em letras, frase, parágrafos. Prática para ganhar o gosto, para atingir o tal nirvana que subitamente deixamos de escrever enquanto estamos a escrever e o texto substitui o pensamento tal é o seu apuro e o à vontade do escritor. Este é o meu primeiro objectivo. Um outro objectivo prende-se com a posteridade. O que é que sobra destes dias que atravesso? Que memórias deverão ficar retidas e que impacto terão daqui a uns anos para mim e para quem está à minha volta? É importante deixar um registo escrito e por isso limitado mas tremendamente fiel.
Outros objectivos poderiam ser traçados, mas estes são os mais importantes, os mais imediatos e decifráveis.
Hoje é um dia menos bom... Aliás todos estes dias, excepções aos fins de semana, têm sido menos bons e têm piorado com passar dos tempos. Tudo isto se deve à minha rotina profissional em risco de se tornar a minha tortura profissional. Estou cansado de tudo isto e não sei, ou ainda não sei como hei-de dar a volta. Já estão dados uns passos, por uma via penosa e que vai estragar relações e trazer alguns dissabores não só para mim. Mas até agora tem sido a única via. Todos os dias ao acordar penso: Que merda mais um dia e simultaneamente: este é o dia em que as coisas se vão endireitar. Mas nunca o é. E não é só por culpa do meu próprio trabalho. Também é por minha culpa.
Por isso vou escrevendo ou tentando escrever tal como esta singela missiva. E estou a escrever prinicipalmente para mim e só para mim. Não tenho uma preocupação de tornar isto viável a quem o lê. Estou numa espécie de exorcismos das minhas lamentações, dos meus receios e de vez em quando das minhas alegrias. Este é o meu estado actual - uma tremenda confusão que se instala na minha mente, com dispersões a dispararem em vários sentidos ao mesmo tempo e com uma rapidez extraordinária, sendo um espectador de tudo o que se vai desenrolando à minha volta. Estarei numa crise de idade? Provavelmente estou, motivada por várias razões.
assim vou sobrevivendo à espera de melhores dias. A questão que se levanta é a da espera... Deverei esperar ou os melhores dias estão mesmo aqui, à mão de semear e dependentes da minha acção? Espero que seja a segunda hipótese e que eu leve muito pouco tempo a descobrir.

1 comentário:

Sofia Novais de Paula disse...

Pedro,
Começo por agradecer a confiança que depositou em mim em partilhar comigo o seu blog.
Escolhi este post apenas por causa do imagem que escolheu. O meu movimento artistico favorito é o Expressionismo Die Brucke em que a arte surge como necessidade de expressão numa época de muita instabilidade política.
Acho que faz muito bem em praticar a sua escrita, porque o faz muito bem. Também com o que lê acho dificil que perca a "mão".
Apesar da boa sugestão do Boris Vien sou uma pessoa que não lê muito, não porque não tenha tempo (porque isso sempre se arranja) mas porque não tenho o hábito. Comecei a ler muito tarde, aos 17 anos e dai as minhas grandes dificuldades na escrita e na interpretação. Felizmente o pouco que li foi muito bom, pouco tempo perdi com livros comerciais (e o que perdi arrependi-me) O meu 1º livro foi Gabriel Garcia Marques "Cem Anos de Solidão" e depois "Amor em Tempo de Cólera" entre outros do autor, depois fui espreitar a obra do Paulo Coelho, mas só guardo boas recordações do "Alquimista", passaram pelos meus dedos e olhos livros de Isabel Allende, Laura Esquivel, Virgina Wolf, Ami Tan, Joana Harris (as capas dos livros são lindas mas os interiores não valem muito, são uns "ora bolas") e claro o nosso carissimo e surpreendente Boris Vien. Fico contente que tenha gostado da nossa dica e tenho a certeza que vai ficar encantado com o "Arranca Corações".
Beijos e boas leituras
(já agora tem uma familia muito linda!)