segunda-feira, novembro 19, 2007


Ultimamente tenho dedicado o nosso tempo de leitura a assuntos técnicos relacionados principalmente com comunicação e branding. Tem sido fascinante descobrir alguns autores e constatar a vitalidade e o optimismo com que se encara os novos tempos. Estamos a atravessar uma fase de absoluta disrupção com os modelos instalados e a mudar hábitos de consumo e mesmo sociais a uma velocidade gigantesca.
Entre os vários autores que temos lido, Seth Godin, Tom Peters, Malcolm Gladwell, Caspian Woods, Chris Anderson, Kevin Roberts, Wally Ollins, Polly LaBarre, Al Ries, Jack Trout, nordstrom e ridderstrale, Douglas Atkins, entre muitos outros, houve particularmente 1 que nos chamou a atenção. Precisamente aquele que é contracorrente e que de uma forma inteligente e sustentada destrói e desconstrói todo este novo optimismo com que encaramos o novo "homo consumidoris".
Naomi Klein no seu provocador livro "NO LOGO", critica duramente as grandes multinacionais e as agências de publicidade e de Branding que legitimam os avanços impiedosos das grandes empresas, sem olhar a meios e pondo totalmente de lado o factor humano, apesar dos seus planos de marketing imaculados e estratégias de Branding memoráveis.
O que nos espantou foi a simplicidade,a honestidade e a fundamentação usada por esta autora para exprimir este sentimento de frustração e incerteza que assola a mente de qualquer consumidor responsável.
E ainda o mais espantoso é que esta autora é praticamente referida por todos estes autores que mencionamos como uma espécie do "dark side" do branding e da publicidade, mas sempre com respeito e com muito, mas muito cuidadinho.
Pelo contrário, Naomi Klein faz-nos reflectir sobre esta geração de empreendedores, sem qualquer piedade e com absoluta consciência da sua argumentação por forma a expôr os podres da nossa sociedade com o intuito de conseguirmos ter um mundo um pouco melhor, mais transparente e acima de tudo mais justo... para todos, sem excepção.
É uma espécie de terrorista que actua em nome dos consmidores desprevenidos.
Todos os livros que agora aparecem sobre Branding parece afirmarem-se como uma resposta a Naomi Klein. Quase que se justificam como uma legitimação das grandes empresas para poderem fazer o que estão a fazer. É errado... Naomi Klein está a expressar a sua opinião e a dar voz à maior parte dos consumidores que não sabem como protestar contra o apetite voraz das grandes corporações sem qualquer pingo de arrependimento do que fazem.
Deusificar Naomi Klein, ou fazer do seu livro uma espécie de bíblia, é dar um tiro no pé. Vivemos da comunicação e fazemos do Branding uma das ferramentas para fazer com que a nossa actividade profissional valha a pena. Necessitamos do Branding e precisamos das grandes empresas para justificar a nossa existência (e para termos a oportunidade de construir projectos realmente interessantes e com uma abrangência interessante). Mas não nos podemos esquecer dooutro lado, como consumidores, como figurantes num tecido social que imprime a sua velocidade dependente destas grandes empresas... e é neste papel (com o previlégio de conhecermos os dois lados) que apreciamos esta disrupção.
Venham mais Naomi's... E por favor não respondam directamente. Ao optar por esta solução, aquele que responde certamente que é culpado...

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