terça-feira, dezembro 19, 2006


Têm sido uns dias muito conturbados pelos quais tenho passado. Tudo passa pelo meu emprego e pelo meu trabalho e por muito complicado que isto possa parecer, tudo se resume a uma pergunta muito simples: Sou feliz no meu trabalho?

A resposta é não, claramente não. Está tudo muito confuso, desde a forma como a empresa onde trabalho está organizada, passando pela definição da minha própria função e acabando no meu chefe que é imprevisível e descontrolado. Tudo isto resulta em frustração, falta de capacidade de trabalho, deserto de ideias e insatisfação. Estou numa fase da minha carreira que preciso de novos impulsos. Estes impulsos não vêm do trabalho que me aparece pela frente, mas sim através da forma como o encaro. Estou muito sozinho a trabalhar. Preciso de uma pessoa ao lado com muita capacidade que me ajude e que me faça evoluir para outros estádios. Pela primeira vez sinto necessidade de trabalhar numa organização maior e com outras aspirações. Preciso de trabalhar em equipa e com um propósito comum.

Esta minha insatisfação não passa despercebida. O António notou nela e imediatamente almoçou comigo para tentar perceber como as coisas estão. Mas fê-lo não para me defender ou para me ajudar. Fez para tentar perceber como andam as coisas na empresa pois ele detém 20% e quer resolver a situação.

Na verdade não gostaria de mudar novamente de emprego, mas o bichinho está cá. Depois deste almoço acalmei um pouco, vamos ver como é que as coisas andam.

A revista Time elegeu como personalidade do ano todos nós, os utlizadores de internet e novas tecnologias. Simultaneamente o prémio pessoa em Portugal foi atribuído ao director da empresa Ydreams onde trabalha o Fernando e dedicada às novas tecnologias. Estes são passos decisivos para a afirmação da internet e das novas tecnologias como figuras incontornáveis do nosso dia a dia. Estamos a presenciar uma revolução, uma grande revolução a um nível que para todos nós é quase impossível de medir. A revolução digital está aí e penso que vai ser mais importante e mais decisiva do que a revoluçãom industrial. Sempre encarei a revolução industrial como um único momento. Quando a aprendi na escola, tinha a sensação que um punhado de sujeitos sairam para a rua e libertaram a revolução e pronto, tinha a acontecido. Era assim que eu encarava a revolução industrial, inguenamente como é óbvio. A revolução industrial foi acontecendo aos poucos e o que ela nos trouxe foi novas possibilidades e capacidades para vivermos o nosso quotidiano. O mesmo está a acontecer nos dias de hoje. Nós estamos no centro da revolução... e a sensação é óptima. Naturalmente que as minhas capacidades estão muito reduzidas pois não cresci com tudo isto. Estas coisas novas foram aparecendo enquanto crescia, daí que a minha mestria sobre elas é sempre reduzida. O que isto nos trás é uma responsabiliadde acrescida de preparação do palco para os que aí vêm. O tapete vermelho está a ser posto por nós e nós é que estamos a definir os standards da vida futura. É tudo muito interessante, galopante e muito estimulante.

A carolina e o afonso naturalmente estão no centro deste novo pensamento. É para eles que estamos a preparar tudo e por isso estas questões assaltam-me agora de uma forma diferente.

Eles continuam a crescer de uma forma galopante. O outro dia a carolina durante o seu choro engasgou-se e ficou sem respirar. Ficou roxa e perdeu as forças. Foi um susto muito grande.

A paula supreendeu-me com o sofá novo que devia ter chegado à nova casa, mas teve de ir directo para a casa antiga.

As obras conitnuam um desastre. Vamos ver se as terminamos em Janeiro. Hoje a paula acabou por despedir o mestre de obras e vamos avançar com uma solução alternativa.

Estou farto das obras e acho que nos vão trazer muito problemas.

Como pensamento positivo para hoje deixo o poeta espanhol Frederico garcia lorca. este grande poeta despertou-me para a poesia quando passava um período tramado da minha vida, quando me estava a separar da TT. Foi uma poesia em concreto que me marcou e que deixo hoje aqui. A poesia tem um poder inimaginável. Todos os dias tento ser poeta, tento criar imagens na minha cabeça para me agradar. Muitas delas esvoaçam e não as aponto com grande pena. Tenho que me disciplinar neste campo. Um dia vou tentar ser poeta a sério.

Eu que a levei ao rio,
pensando que era donzela,
porém tinha marido.
Foi na noite de Santiago
e quase por compromisso.
Apagaram-se os lampiões
e acenderam-se os grilos.
Nas últimas esquinas
toquei seus peitos dormidos,
e se abriram prontamente
como ramos de jacintos.
A goma de sua anágua
soava em meu ouvido
como uma peça de seda
rasgada por dez punhais.
Sem luz de prata em suas copas
as árvores estão crescidas,
e um horizonte de cães
ladra mui longe do rio.
Passadas as sarçamoras,
os juncos e os espinhos,
debaixo de seus cabelos
fiz uma cova sobre o limo.
Eu tirei a gravata.
Ela tirou o vestido.
Eu, o cinturão com revólver.
Ela, seus quatro corpetes.
Nem nardos nem caracóis
têm uma cútis tão fina,
nem os cristais com lua
reluzem com esse brilho.
Suas coxas me escapavam
como peixes surpreendidos,
a metade cheias de lume,
a metade cheias de frio.
Aquela noite corri o melhor dos caminhos,
montado em potra de nácar
sem bridas e sem estribos.
Não quero dizer, por ser homem,
as coisas que ela me disse.
A luz do entendimento me faz ser mui comedido.
Suja de beijos e areia,
eu a levei do rio.
Com o ar se batiam as espadas dos lírios.
Portei-me como quem sou.
Como um cigano legítimo.
Dei-lhe um estojo de costura,
grande, de liso palhiço,
e não quis enamorar-me
porque tendo marido me disse
que era donzela quando a levava ao rio.

1 comentário:

always in the air disse...

não citando ninguém, mas sendo um ditado, logo global, "atrás de uma montanha vem sempre outra" .
as melhoras ai dentro dessa tua boa cabeça que faz levantar o cabelo quando cansada, espero que não esteja assim....